sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Editorial | Dezembro 2013



As organizações sociais desempenham um importante papel na sociedade. Que são substitutas do Estado em sua insuficiência em prestar serviços de qualidade, todos sabemos. No entanto, existem um outros aspectos que as organizações têm potencial para desenvolver, como a promoção de cidadania ativa nas comunidades onde atuam e a participação em conselhos paritários, exercendo influência e controle sobre a atuação do governo.  

A Acorde, por exemplo, ocupa hoje a presidência do Conselho Municipal da Criança e Adolescente de Embu das Artes (CMDCA), uma cadeira no Conselho Gestor da Área de Proteção Ambiental Embu Verde (APA Embu Verde) e participa das reuniões abertas do CONSEG Centro, um dos conselhos de segurança do município.

Mas o que isto tem a ver com cultura de doação? Tudo. Uma organização só atinge e mantém este seu potencial quando tem recursos, consegue recrutar profissionais de qualidade para atender seu público e dirigi-la. A lógica neste quesito, meus senhores, é a mesma do setor privado.

Recursos, por sua vez, têm basicamente três origens: governo, empresas e cidadãos. O governo tem recursos para investir no terceiro setor, e muitas organizações, pelo Brasil afora, dependem dele para sobreviver. Claro que a dependência dificulta o exercício da influencia e do papel de controle.

A maior parte dos recursos que chegam no terceiro setor, no Brasil, vêm das empresas. Suis generis, como em muitos outros aspectos, nossa nação é a única do mundo onde isto acontece. Pensemos um pouco sobre o papel das empresas. Primordialmente, tem a obrigação legal de gerar lucros para seus sócios ou acionistas e, assim, em muitas delas, o investimento social está estreitamente ligado ao resultado, ainda que de imagem. Problema? Muito investimento é feito em temas charmosos, como educação e esporte, e quase nenhum em direitos humanos. Além disso, raramente são recursos livres, ou seja, que podem ser usados para que as organizações sociais ocupem o espaço acima descrito.

E os recursos dos cidadãos? É com o dinheiro de doação dos indivíduos que é possível a construção desta base sólida da sociedade brasileira. Um dinheiro que chega livre às organizações, dando a elas poder de influência, poder de construção, poder de continuarem criativas na solução dos problemas sociais. É com este dinheiro que organizações fortalecem suas bases. É com este dinheiro que participam dos conselhos paritários. É com este dinheiro que estudam e se desenvolvem, que aprofundam sua prática e entendem a importância de não estarem fechadas em seus muros, de não replicarem os modelos da sociedade que já se mostraram ineficientes.

O Brasil acaba de ser rebaixado no chamado Índice de Solidariedade (World Giving Index), passando de 83o para 91o lugar. O índice mede, na maioria dos países do mundo, as doações feitas por indivíduos para organizações sociais. 

O Movimento por uma Cultura de Doação é a expressão coletiva de que precisamos aumentar esta base de doadores no Brasil, de que precisamos ter organizações fortes para exercerem por inteiro seu papel na sociedade. Não começamos ontem... como um enorme país que somos, temos louváveis 24 milhões de doadores. Queremos 100 milhões. Queremos uma sociedade onde a cidadania não seja apenas um direito, mas uma realidade.


Um ótimo 2014 a todos!

Joana Lee Ribeiro Mortari
Desenvolvimento Institucional

Veja algumas das ações que o Movimento por uma Cultura de Doação apoiou neste semestre:

Limpa do Bem, do Imagina na Copa.
Lançamento do PorCausa, da Base Colaborativa.
Lançamento do Dia de Doar, inspirado em movimentos congêneres em outros países, como o Giving Tuesday, o Day of International Giving e o Un Dia para Dar.


Seja bem vindo ao ponto de encontro do Movimento por uma Cultura de Doação

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