segunda-feira, 24 de junho de 2013

Editorial Junho | 2013

Neste editorial destacamos a importância do envolvimento das famílias no trabalho da Acorde.

O relacionamento da Acorde com a comunidade nasce de um ponto em comum: as crianças e jovens que atendemos no contraturno escolar. Com idade entre 6 e 17 anos, muitos passam este ciclo da infância e da adolescência por aqui. Para cumprir nossa missão, entendemos que não bastam as oficinas de arte e esporte, é preciso que tenhamos um olhar para cada pequeno indivíduo e, muitas vezes, para comportamentos que refletem situações que podem ou não ter nascido dentro da organização.

Para tanto é importante que nossa relação seja baseada no diálogo, é através dele que conseguimos fortalecer o elo de respeito e confiança que nos permite apoiar o desenvolvimento de cada criança e jovem. Estas conversas muitas vezes incluem pais, avós, tios e outros responsáveis.

A vendedora Camila Gaia Marcelino, mãe de um jovem de 15 anos que está na Acorde desde que abrimos as portas, garante que estas conversas ajudaram em seu crescimento. “No início eu sempre era chamada pela Acorde para conversar, aí começamos um trabalho conjunto e meu filho foi se transformando, ele melhorou muito seu desenvolvimento escolar. Eu sou muito grata ao trabalho da Acorde, pois mudou minha vida!”.

Esta posição de referência na mediação das relações entre famílias e seus pequenos foi construída ao longo dos anos de atendimento. No começo, a Acorde era vista com um espaço onde as crianças vinham só para brincar. Famílias e escola reclamavam do espaço, que era visto como um lugar sem regras. Ainda que brincar seja importante, seis anos depois percebemos que a imagem que a comunidade têm da organização é outra. Alguns chamam de “tudo de bom”, outros descrevem como um lugar onde as crianças aprendem coisas, se comportam.

A Agente de Saúde Comunitária Patrícia dos Santos é mãe três, todos educandos da organização.  Ela conta que teve a vida transformada com início das atividades da Acorde no Jardim Tomé.  “Quando a Acorde começou a atender eu ainda era dependente química e ela chegou quando eu mais precisava. Meus filhos viviam na rua atrás de mim ou sozinhos em casa. Estar na organização começou a preencher o vazio que eles tinham e com isso eu consegui sair da dependência e com ajuda de familiares também.” Patrícia também destaca a evolução que seus filhos tiveram ao passar pela Associação, e nos conta que “hoje a vida deles é muito melhor. O mais velho, de 16 anos, era muito tímido e tinha muitas dificuldades e ele se desenvolveu muito! O mais novo, de 8 anos, era muito agressivo eu vivia recebendo bilhete da escola e agora depois de uma ano indo para a Recreação eu não recebo mais reclamações. Se não fosse a Acorde talvez eles teriam um futuro muito triste como o meu, já que não tive esta oportunidade”.

Esta estrada é de duas mãos. O apoio das famílias é essencial no trabalho que nos propomos a desenvolver e, portanto, relatos como os acima nos alimentam e renovam. Cada criança que entra é, para nós, uma oportunidade. Cada família tocada pelo nosso trabalho, que nos apoia, é um pedaço do caminho conquistado.

Esperamos que aproveite este boletim. Até o próximo!