quarta-feira, 21 de maio de 2014

Editorial | Boletim Maio 2014






Olá gente, tudo bem?Escrevo para contar que neste primeiro semestre estive em dois importantes fóruns de discussão sobre o terceiro setor, o Congresso GIFE e o Global Philanthropy Forum (GPF).

Nesta oitava versão do Congresso GIFE, a discussão que me chamou a atenção foi a provocação sobre as consequências de termos, no Brasil, a maioria dos investimentos sociais feitos por projetos de curto prazo (através de editais). Esta situação acaba por gerar um "setor de serviços", onde organizações sociais buscam por sobrevivência montando projetos que se adaptem à vontade de investir da instituição propositora do edital, destacando-se, muitas vezes, da real necessidade local.

Trazendo esta discussão para a realidade da Acorde, conto que foi para fugir desta dinâmica de prestação de serviços que fizemos a opção, há algum tempo, em focar na mobilização de recursos livres, ou seja, dinheiro que podemos usar da forma que precisamos para fazer frente aos nossos investimentos nas crianças e jovens.

A lógica é simples: ao participarmos de uma concorrência via edital, estamos olhando para o interesse de quem nos financia quando, para nos mantermos coerentes com nosso propósito, temos que olhar para os interesses de quem atendemos. No setor privado o cliente é quem paga, ou seja, interesse e financiamento vêm do mesmo indivíduo. No terceiro setor, no entanto, esta dicotomia entre financiador e público alvo é complexa e, quando não cuidada, pode acarretar na desestruturação da organização.

O GPF acontece uma vez por ano, nos Estados Unidos, e tem como objetivo construir uma comunidade de doadores e investidores sociais comprometidos com causas internacionais. Na América do Norte a filantropia está concentrada nas fundações familiares, enquanto aqui, no Brasil, a maior parte do investimento no terceiro setor é feito por empresas, seja diretamente ou através de seus braços sociais.  O que me chamou a atenção do GPF foi a provocação para que as soluções para os problemas sociais sejam construídas de baixo para cima, ou seja, investindo-se no empoderamento de pessoas, grupos e organizações sociais locais, ouvido o que elas trazem como potenciais soluções para aquela comunidade.

Pois é... saí de lá com o coração quentinho ao ver esta valorização do poder transformador do indivíduo quando apoiado e fortalecido, pois é isto que fazemos na Acorde.

Até a próxima,

Joana Lee Ribeiro Mortari
Desenvolvimento Institucional.

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