Neste editorial destacamos a importância do envolvimento das famílias no trabalho da Acorde.
O
relacionamento da Acorde com a comunidade nasce de um ponto em comum: as
crianças e jovens que atendemos no contraturno escolar. Com idade entre 6 e 17
anos, muitos passam este ciclo da infância e da adolescência por aqui. Para cumprir
nossa missão, entendemos que não bastam as oficinas de arte e esporte, é
preciso que tenhamos um olhar para cada pequeno indivíduo e, muitas vezes, para
comportamentos que refletem situações que podem ou não ter nascido dentro da organização.
Para
tanto é importante que nossa relação seja baseada no diálogo, é através dele que
conseguimos fortalecer o elo de respeito e confiança que nos permite apoiar o
desenvolvimento de cada criança e jovem. Estas conversas muitas vezes incluem
pais, avós, tios e outros responsáveis.
A
vendedora Camila Gaia Marcelino, mãe de um jovem de 15 anos que está na Acorde desde
que abrimos as portas, garante que estas conversas ajudaram em seu crescimento.
“No início eu sempre era chamada pela Acorde para conversar, aí começamos um
trabalho conjunto e meu filho foi se transformando, ele melhorou muito seu
desenvolvimento escolar. Eu sou muito grata ao trabalho da Acorde, pois mudou
minha vida!”.
Esta
posição de referência na mediação das relações entre famílias e seus pequenos foi
construída ao longo dos anos de atendimento. No começo, a Acorde era vista com
um espaço onde as crianças vinham só para brincar. Famílias e escola reclamavam
do espaço, que era visto como um lugar sem regras. Ainda que brincar seja
importante, seis anos depois percebemos que a imagem que a comunidade têm da
organização é outra. Alguns chamam de “tudo de bom”, outros descrevem como um
lugar onde as crianças aprendem coisas, se comportam.
A
Agente de Saúde Comunitária Patrícia dos Santos é mãe três, todos educandos da
organização. Ela conta que teve a vida transformada com início das
atividades da Acorde no Jardim Tomé. “Quando a Acorde começou a atender
eu ainda era dependente química e ela chegou quando eu mais precisava. Meus
filhos viviam na rua atrás de mim ou sozinhos em casa. Estar na organização
começou a preencher o vazio que eles tinham e com isso eu consegui sair da
dependência e com ajuda de familiares também.” Patrícia também destaca a
evolução que seus filhos tiveram ao passar pela Associação, e nos conta que “hoje
a vida deles é muito melhor. O mais velho, de 16 anos, era muito tímido e tinha
muitas dificuldades e ele se desenvolveu muito! O mais novo, de 8 anos, era
muito agressivo eu vivia recebendo bilhete da escola e agora depois de uma ano
indo para a Recreação eu não recebo mais reclamações. Se não fosse a Acorde
talvez eles teriam um futuro muito triste como o meu, já que não tive esta
oportunidade”.
Esta
estrada é de duas mãos. O apoio das famílias é essencial no trabalho que nos
propomos a desenvolver e, portanto, relatos como os acima nos alimentam e
renovam. Cada criança que entra é, para nós, uma oportunidade. Cada família
tocada pelo nosso trabalho, que nos apoia, é um pedaço do caminho conquistado.
Esperamos que aproveite este boletim. Até o próximo!
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