Olá gente, tudo bem?Escrevo
para contar que neste primeiro semestre estive em dois importantes
fóruns de discussão sobre o terceiro setor, o Congresso GIFE e o Global Philanthropy Forum (GPF).
Nesta
oitava versão do Congresso GIFE, a discussão que me chamou a atenção
foi a provocação sobre as consequências de termos, no Brasil, a maioria
dos investimentos sociais feitos por projetos de curto prazo (através de
editais). Esta situação acaba por gerar um "setor de serviços", onde
organizações sociais buscam por sobrevivência montando projetos que se
adaptem à vontade de investir da instituição propositora do edital,
destacando-se, muitas vezes, da real necessidade local.
Trazendo
esta discussão para a realidade da Acorde, conto que foi para fugir desta
dinâmica de prestação de serviços que fizemos a opção, há algum tempo, em focar
na mobilização de recursos livres, ou seja, dinheiro que podemos usar da forma
que precisamos para fazer frente aos nossos investimentos nas crianças e jovens.
A
lógica é simples: ao participarmos de uma concorrência via edital, estamos
olhando para o interesse de quem nos financia quando, para nos mantermos
coerentes com nosso propósito, temos que olhar para os interesses de quem
atendemos. No setor privado o cliente é quem paga, ou seja, interesse e
financiamento vêm do mesmo indivíduo. No terceiro setor, no entanto, esta
dicotomia entre financiador e público alvo é complexa e, quando não cuidada,
pode acarretar na desestruturação da organização.
O
GPF acontece uma vez por ano, nos Estados Unidos, e tem como objetivo construir
uma comunidade de doadores e investidores sociais comprometidos com causas
internacionais. Na América do Norte a filantropia está concentrada nas fundações familiares, enquanto
aqui, no Brasil, a maior parte do investimento no terceiro setor é feito por empresas, seja diretamente ou através de seus braços sociais. O que me chamou a atenção do GPF foi a provocação
para que as soluções para os problemas sociais sejam construídas de baixo para cima, ou seja, investindo-se
no empoderamento de pessoas, grupos e organizações sociais locais, ouvido o que
elas trazem como potenciais soluções para aquela comunidade.
Pois
é... saí de lá com o coração quentinho ao ver esta valorização do poder
transformador do indivíduo quando apoiado e fortalecido, pois é isto que
fazemos na Acorde.
Até
a próxima,
Joana Lee Ribeiro Mortari
Desenvolvimento
Institucional.
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